Encontrar no acto de estar em terapia uma forma de arte, num movimento que se coordena a dois, encena em si a mais bonita descoberta daquele que pode ser o propósito individual de cada um no seu processo de desenvolvimento e crescimento humano.
Muitas vezes questionado o “para quê” deste processo, julgo poder encontrar-se a resposta na possibilidade de re-Conhecer e Compreender do quão únicos todos somos e assim é o nosso mundo interno e linguagem. Um mundo interno acessível através e dentro da relação terapêutica, que em si própria permite a mudança, numa construção de significados que se vai desenvolvendo entre a pessoa-terapeuta e a pessoa-paciente, no seu tempo e a seu tempo.
O processo terapêutico cria espaço de revelação de alguns “interditos não declarados”, em segurança e intimidade, enquanto momento de aprendizagem empática, através do contacto com a forma como a pessoa experiencia o seu passado, presente e futuro. E é conhecendo a sua história e laços que se pode seguir, num encontro mais profundo e com o propósito da expansão em liberdade e criação de uma postura de maior empatia da pessoa com os seus e os outros do mundo, fora da terapia.
Poder criar de forma humana momentos de arte com cada pessoa com quem nos relacionamos, sermos poetas na escrita da nossa história e significados, valores e atitudes, torna-se monumental num período social em que se procura a rapidez e o instantâneo, privilegiando o sentido visual e estético das coisas.
Num período no qual parece que muitas vezes as pessoas já mal se conhecem e se olham, olhos nos olhos, na amizade, no amor conjugal e na família – uma ideia a refletir – se estar em relação não é Arte, sobre a égide do amor, respeito e empatia, não sei o que é…
Ana de Sousa Martins